segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Parte VI

Ao chegar em casa Olívia alegou estar muito cansada e sem fome e subiu para o seu quarto e se trancou lá. Dona Helena já foi se esquivando de ter que jantar com Daniel e foi logo avisando.
  • Olha Daniel, hoje nao temos nada preparado para o jantar, mas se estiver com fome tem esse disk pizza que entrega rapidinho. Fique a vontade, pode telefonar de casa. Vou tomar um banho e ja volto para assistir minha novela.
Daniel pegou o telefone e o panfleto do disk pizza e pediu uma do tamanho familia e mais 3 refrigerantes. Helena entrou no seu quarto e ouviu sua filha gritar!
  • Socoorro! Me ajude! Sai daqui! Socorro!
Helena foi correndo ate o quarto da sua filha, mas a porta estava trancada. Tentando abrir a porta sem sucesso ela gritou para Daniel!
  • DANIEL! Venha rapido, por favor!
Olivia continuava a gritar por socorro, mas parecia nao ouvir sua mae lhe chamar.
  • Filha! Abra a porta! O que ta acontecendo? Quem ta ai?
Daniel veio rapidamente e com um empurrao arrombou o quarto da filha. Ao entrar nao encontraram ninguem, apenas Olivia dormindo e se revirando na cama. Daniel tentou acalmar a filha abracando-a e sentiu que a temperatura do seu corpo estava elevada.
  • Helena, a Olivia deve ter passado dos 40graus, ela está ardendo em febre e por isso está delirando e tendo pesadelos. Liga o chuveiro frio, precisamos abaixar a temperatura dela imediatamente!
  • Eu vou ligar para o médico!
  • Helena depois voce liga, agora so quero que o meu tesouro fique bem e preciso da sua ajuda. Confie em mim pelo menos dessa vez, pare de ser tao orgulhosa.
Helena, nao acreditava que Daniel tinha coragem de chama-la de orgulhosa. Ela so queria consultar o medico. Afinal, ele nem mediu a temperatura de Olivia e nao sabia o que ela tinha. Como que um surfista da California poderia saber mais do que a própria mae? Confiar? Foi exatamente isso que ela ouviu na noite que os dois transaram no carro durante o melhor verao de sua vida. "Confie em mim, nao vai acontecer nada que vc nao queira!". Realmente, hoje Olivia é a pessoa que Helena mais ama neste mundo. Porém, há 19anos atrás, nao foi bem isso que ela planejava para seu futuro.

Helena sempre foi muito focada nos estudos e na carreira. Aos 28anos, quando conheceu Daniel, ela já havia decidido seu futuro, queria ser uma mulher livre, independente e bem sucedida. Com ele, queria apenas um sexo mágico, namorar durante o verao e desaparecer sem culpa. Mas a paixao tomou conta dos dois no passado e o que era para ser uma noite de amor, durou o verao inteiro. Durante o ano em que Helena se preparava para subir de cargo, seus planos tiveram que ser adiados, pois Daniel a presenteou com uma filha! Apesar de Olivia ter nascido fora dos planos, Helena era grata ao Daniel por ter dado a ela o bem mais precioso de sua vida!
  • Agua fria, né?
  • Sim, mas nem tanto, deixe um pouco morna para ela nao levar um choque térmico!
Os dois colocaram Olivia debaixo do chuveiro ainda de pijama. Aos poucos a febre foi abaixando, e Olivia voltando a ter consciência.

(to be continued...)

Parte V

No dia em que Olívia receberia alta dos médicos, seu pai veio visita-la. Daniel, era um surfista aventureiro que engravidou a mãe de Olívia durante um namoro de verão. Ele morava na California, nos Estados Unidos com outra família.

Por parte de mãe, ela era filha única, mas tinha dois irmãos por parte de pai, Steven e Matheus de 6 e 7anos. Daniel visitava a filha 1 vez ao ano sempre nas férias de inverno, pois adorava o verão brasileiro. Apesar do pouco contato com a filha, eles sempre trocavam emails e de vez em quanto se falavam por Skype e por telefone.

Daniel a chamava de `my Brazilian treasure`. (meu tesouro brasileiro) e apesar de não estar no seu período de férias e ainda não ser inverno nos Estados Unidos, ele fez questão de mostrar seu apoio e carinho pessoalmente.

No hospital a enfermeria autorizou a sua entrada no quarto e ele foi entrando com um sorriso no rosto e com um buque de flores e alguns cartões.
  • Como está meu tesouro brasileiro?
  • Pai?

Olívia ficou muito feliz em ver seu pai e lágrimas escorreram do seus olhos, pois ele nunca havia lhe dado flores.

  • Agora estou bem melhor, só de te ver, já estou bem melhor!
  • Fico feliz em te ver sorrindo my Brazilian treasure!
  • Veio sozinho? e a Jane, sua esposa e os meninos, cadê eles?
  • Vim sozinho princesa, mas o Mat e o Steven fizeram cartões lindos para você e a Jane lhe mandou um grande abraço e melhoras.

Daniel entregou nas mãos de Olívia dois cartões. O do Steven tinha um coração, pessoas sorrindo, um sol, e uma mensagem dizendo `get better, love Stev.` (melhore, com amor Steve) em inglês. O cartão do Mat espantou Olívia pois ele desenhou uma menina com vestido dourando ao lado de um homem e de um cavalo, escrito LUC.

  • Pai, o que o Mat escreveu aqui? LUC? o que isto quer dizer?

Daniel pegou o desenho e disse.

  • Filha, o seu irmão ainda está aprendendo a escrever, acho que ele quis dizer, LUV, amor, os meninos são loucos por você, eles ficaram muito preocupados e estão morrendo de saudades.
  • Mas pai, é que ele me desenhou com o vestido dourado, e este homem com cavalo . . .

Antes que ela pudesse continuar seu pensamento sobre aquele desenho, a enfermeira entrou no quarto.

  • Está pronta para voltar para casa?
  • Estou de alta?
  • Está sim e sua mãe já está subindo para te buscar, que bom que seu pai também está aqui assim a família inteira pode comemorar sua recuperação de volta ao lar!

Olívia deu um sorriso envergonhado, pois a enfermeira não sabia que seus pais não eram casados e que os três não faziam parte da mesma família. Olívia tinha duas famílias, a do seu pai durante as férias e a sua mãe e amigos durante o ano inteiro. Mas seus pais eram praticamente dois estranhos entre si, não tinham nenhum laço familiar que não fosse ela.

(dentro do carro)

Daniel, o pai de Olívia, acompanhou Helena e a filha no trajeto de volta para casa.

  • Mãe o papai pode passar un dias em casa?

Dona Helena ficou sem resposta, não sabia o que falar naquela situação.

  • Eu adoraria passar uns dias ao lado da minha filhinha, para falar a verdade eu só fechei o hotel por uma noite, mas estou com 10dias de folga pela empresa e não gostaria de ir embora sem ter certeza que meu tesouro está bem.

Helena começou a suar frio, não estava gostando daquela situação. Tinha criado sua filha sozinha, Daniel trabalhava como gerente de um restaurante de quinta, ela era gerente de marketing de uma multinacional, uma executiva que não dependia de nenhum homem e não namorava há mais de 2 anos. Ele o maior sedutor da fase da Terra, casado com filhos. Imagine só, ele de perna para o ar passando uns dias na sua casa? Apesar de ser pai da sua filha a idéia de tê-lo por perto não lhe agradava.

  • Daniel, sua filha já está bem, agradeço por ter vindo, mas não precisa perder tantos dias de trabalho para ficar no Brasil, ela está sendo cuidada e você sabe disso, nunca faltou nada para Olívia!

Daniel abaixou a cabeça se calando e Olívia interveio na conversa.

  • Faltou sim mãe! Faltou meu pai e eu queria que ele ficasse um tempo comigo. Temos um quarto de visitas e ele não está perdendo dias de trabalho, o chefe dele já deu folga mesmo!... E aí mãe, o que você acha?

Dona Helena queria responder naquela hora tudo o que ela achava. Achava que o pai dela não prestava, achava que ele era um sonhador, achava que ele queria ficar na casa com a filha porque estava duro para pagar um hotel no Brasil, achava que apesar do seus 43 anos ele ainda se portava com um menino de 25anos. E para piorar, achava que ele não havia envelhecido nada nesses dezoito anos o que a deixava mais brava, pois além de tudo ela era 4anos mais velha e esses 4anos a mais pesavam um século no espelho. De jeito nenhum! Daniel não ficaria hospedado em sua casa. E com todo sua firmeza, Dona Helena respondeu.

  • O que eu acho?... Acho que não tem problema nenhum ele ficar em casa, será um enorme prazer!

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Parte IV

Os dias nos hospitais foram tensos, Olívia já se encontrava fora de perigo, mas se recusava a comer e sentia dores no estomago e na garganta. Quase todos os dias Olívia passava mal e regugitava, sua mãe já estava entrando em desespero quando o médico a chamou para conversar.
  • Diga doutor, o que minha filha tem é sério?
  • Olha Helena, sua filha passou por um trauma, está ainda muito triste, mas há alguns dias ela já saiu do perigo. Porém fizemos todos os exames possível para descobrir o que encadiava os vomitos e descobrimos que é um fator psicológico.
  • Está dizendo que minha filha não tem nada?
  • Não estou dizendo isso. Sua filha tem sim um problema que deve ser tratado, ela tem medo de engordar mesmo com soro e com a comida do hospital e força o próprio vomito.
  • Minha filha não faria isso! Ela não gosta de passar mal!
  • Devo informa-la que fizemos uma endoscopia e o estomago dela já se encontra debililato. Creio que ela tem Bulimia há mais de 2anos, não dá pra saber, mas é certo que ela vem escondendo isso a algum tempo já. O indicado é que a senhora procure um psiquiatra e um analista que a oriente.

Dona Helena fechou a cara e tomou aquelas palavras como um insulto. Antes de parecer mal educada com o médico, respirou fundo e lhe perguntou pausadamente.

  • Um ANALISTA? Ou melhor, um psiquiatra!
  • Isso mesmo senhora!
  • Você está insinuando na minha cara que minha filha é louca? Você faz idéia o que a pobrezinha acabou de passar? Você está insinuando que ela mente? Que ela tem Bulimia?
  • Não estou insinuando nada disso, apenas falando que sua filha já está fora de perigo, mas daqui pra frente vai precisar de um tratamento adequado.
  • Olha aqui doutor, minha filha não é louca, ela não precisa de um psiquiatra, ela só precisa de carinho. Tenho certeza que falando com ela, a Olívia vai me ouvir e se ela estiver fazendo algo errado vai parar.
  • Desculpe dona Helena, nunca disse que sua filha era louca. Só estou lhe passando o laudo médico e o tratamento que achamos adaquado nessa ocasião. De qualquer forma, concordo que sua filha precisa de muito carinho nessa hora. Se precisar de alguma ajuda, aqui está meu cartão.

O medico tira um cartão do bolso e o entrega a Dona Helena.

  • Ela vai tomar alta?
  • Vou conversar com os outros médicos, mas acredito que sim. Com lincesa, preciso checar outro paciente. Até breve.

Dona Helena deu aquele sorriso seco e falso sem falar uma palavra. Ficou pensativa por alguns minutos, não entendia como alguém poderia imaginar que sua filha estivesse com Bulimia, já ouvira falar dessa doença antes, mas entre mulheres magrelas, modelo de passarela e não meninas de peso normais. No hospital ela havia emagrecido, mas depois daquele trauma quem teria vontade de comer? Pra falar a verdade, dona Helena sabia que Olívia vivia em regime, mas nunca pensou que um dia isso pudesse virar uma doença. Ela não via a hora de voltar para casa e preparar um belo prato de risoto ao funghi, um dos pratos preferido da filha. De qualquer forma iria conversar com sua filha, lhe dar muito amor e carinho. O pior já havia passado. Aquele dia talvez seria o primeiro que Olívia dormiria em casa, depois de 7dias internada! Dona Helena abriu um sorriso e respirou aliviada.

(to be continued...)

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Parte III.

O sonho de Olívia.

Olívia galopava em cima de um cavalo selvagem e sem controle. O seu vestido de formatura se rasgava entre as plantas. Olívia sentia muito medo de cair, mal conseguia ver a paisagem a sua frente. Era madrugada, sentia frio e suas pernas doiam de tanto esforço para continuar no cavalo. No meio da neblina um vulto foi tomando forma e uma voz vinha em sua direção.

  • Nao tenha medo, quando eu contar até 3 voce solta as redeas que e eu te salvo!
Era o mesmo homem claro de roupas medievais que ha perseguia em suas visoes. Porém, agora o via com clareza e percebeu que ele era um garoto da sua idade, mas com muita atitude e coragem. Por mais que nao o conhecia, ela sentia familiarizada com aquela imagem. Sentia uma confiaça em suas palavras e a certeza que seria salva em seu coraçao.
  • Eu te seguro. Vamos la. 1,2,, 3 e já! Largue a redea!

  • Nao consigo! Minha mao está grudada!

  • Sua mao está livre, nao tenha medo, é apenas impressao! Largue a redea!
Olívia se soltou do cavalo que corria em direcao a um penhasco, fechou os olhos e como mágica ao abrir se viu em cima de um outro cavalo que era guiado por este garoto.

No hospital

Olivia nao lembrava de mais nada e relatava este sonho aos policiais e psicólogos que a abordaram. Ela era a única sobrevivente do acidente de carro que matara Jorginho e mais dois colegas que os acompanhavam na formatura. Durante o tempo que esteve hospitalizada sentia muita tontura, dores no corpo e sonolência. Nao gostava de acordar e ter que falar com os policias, nao gostava da comida do hospital e nem queria falar sobre a festa. Nao queria encarar esta nova realidade e nem no enterro dos meninos ela quis ir. Olivia só queria ficar sozinha, para que seus olhos pudessem chorar sem ter ninguem por perto, mas seus olhos estavam cansados e derrubar uma lágrima também era trabalhoso. Era uma tristesa tao grande, um medo, uma dor que enquanto sua mente e seu corpo se recuperavam do trauma, Olivia só sonhava. Sonhou por vários dias e noites sem se levantar.

  • Acorde!
  • Quem me incomoda?
  • Nao sabia que voce era tao mal criada! Mas se abrisse seus olhos saberia quem é a pessoa que lhe dirige a palavra.
Ela entao abriu os olhos e deu de cara com o garoto medieval
  • Voce de novo?
  • Nao tem problema, eu vou embora e cham0 outro pra ficar no meu lugar!
O garoto virou-se e comecou a andar e a se afastar.
  • Por favor, nao vá!
  • Porque nao quer que eu vá? Achei que estava cansada de mim?
  • Estou me sentindo muito sozinha e gosto da sua compania.
  • Nos conhecemos?
Olivia olhava assustada sem entender a perguntar, apesar de nao o conhecer, já o vira algumas vezes e pensava que ele lhe traria respostas ao invés de lhe trazer mais dúvidas. Afinal, nao havia sido ele quem a salvou do cavalo durante o sonho e quem a assombrava no reflexo dos espelhos? Olivia segurou na mao do menino, como quem suplica a permanência de alguem e disse.
  • Quando olho pra voce, eu sinto que ja nos conhecemos ha anos. Mas nao sei o seu nome, nao sei porque está aqui, nao sei se isso é real. Acho que eu estou confusa, por favor fique!
  • Nao precisa temer, se precisar de mim estarei com voce!
  • Assim como me salvou do cavalo, ne!
  • Que cavalo?
  • Nao era voce?
  • Era, mas voce estava inconsciente, achei que nao ia lembrar. Cuidado com seu estomago.
  • O que?
Na mesma hora Olivia sentiu uma dor no estomago tao grande que foi capaz de acordar daquele sonho e gritar por sua mae. Ela vomitava muito sentindo-se cada vez mais debiltada.

(to be continued...)


segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Parte II.

No dia do baile de formatura, Olívia se arrumava em seu quarto. Assim que terminou de vestir o maravilhoso vestido dourado, algo muito estranho aconteceu. Uma imagem foi tomando forma no reflexo do espelho. Era a mesma imagem do homem claro que antes a havia assustado na loja.
Olívia perdeu o som da voz por alguns segundos e com medo de ser notada, prefereriu ficar calada e observar o que de fato poderia estar acontecendo.

O homem, na verdade era apenas um garoto da sua idade, porém parecia ter vindo de uma época distante. Ele usava roupas medievais, tinha cabelos claros e porte elegante. Ele andava de um lado para o outro em seu quarto como se estivesse machando, mas por algumas razão ele não a via.

Talvez tivesse vindo de uma outra dimensão, de um outro tempo, mas o que ele estava fazendo lá? Como chegara ao seu quarto? As perguntas e o silêncio daquele instante foram cortadas pelo chamado de Dona Helena e no mesmo segundo a imagem daquele garoto desapareceu em uma neblima.
  • Olívia!
  • Sim mamãe!
  • Jorginho já chegou e está aqui te esperando para ir junto ao baile, não demore!

O coração de Olívia foi às nuvens, ela pulava de alegria, sorria, se maquiava e respirava pausadamente para não parecer tão nervosa. Depois de alguns minutos, Olívia apareceu na sala, linda como uma princesa e se sentindo a menina mais feliz do mundo.

Jorginho e Olívia estudaram juntos no primário. Aos 15 anos Jorginho foi fazer um intercambio na Europa e voltou 1 ano e meio depois, mais forte, mais alto e com um piercing na língua. O que na visão de Olívia o deixava ainda mais bonito.

Ao chegar na festa vários garotos vieram falar com Olívia e disputaram sua atenção. Para não não engordar 1grama ela acabou não comendo nada. O pouco que comeu foram alguns docinhos e só os aceitou para não fazer uma desfeita à Jorginho que viera todo fofo trazendo eles no prato especialmente para Olívia. Porém assim que os comeu, ela correu para o banheiro feminino e deu um jeito de colocar tudo para fora.

Ao sair do toillet, Olívia deu de cara com Jorginho que lhe entregou uma caipirinha nas mãos.

  • Vem dançar comigo, vem!
  • Ai Jorginho, eu não bebo!
  • É fraquinha Lili, experimenta!

Olívia cheira a bebida e a larga na mesa

  • Mas tem um cheiro forte...

Ele desiste da bebida e a puxa pelas mãos.

  • Vamos para um lugar mais reservado então.

Jorginho a leva para o ambiente externo da festa. Um jardim lindo onde o som alto não alcançava e um pouco mais reservado para conversar.

  • Quer dizer que você não bebe?
  • Careta, né?!
  • Eu adoro meninas certinhas.

Ele a puxa para perto de si e antes que ela pudesse falar qualque coisa, ele a rouba um beijo. Ele tenta descer suas mãos pelo corpo dela, mas não consegue, pois ela o rejeita.

  • Jorginho, eu acho melhor agente voltar!
  • Desculpa não quis te assustar! É que te vendo assim tão linda, não consegui resistir. Acho que estou apaixonado! Vamos curtir mais um pouquinho, vai...

Olívia abre um sorriso, seus olhinhos brilham e ela aceita.

  • É diferente beijar alguém de piercing.
  • Gostou?
  • Muito! Eu não queria ser tão careta, hoje é nossa formatura, você poderia me ensinar a beber.
  • Sério, mesmo?! Estou adorando esta nova Olívia!
  • Só quero experimentar um gole do seu drink, meus pais nunca me deixaram beber.
  • Nada disso minha princesa, espera aqui que eu vou trazer um especialmente feito pra você.

Em poucos minutos ele volta com 2 batidas de leite condensado e maracujá.

  • Uma pra mim e outra pra você?
  • Não princesa as duas são pra você!

Esta era a última imagem que Olívia conseguia lembrar da festa, depois nada vinha em sua mente, por mais que se tentasse relembrar, nada surgia. Ela acordou com o braço roxo e com alguns arranhões no hospital. E quando a perguntavam sobre o que havia acontecido naquela noite, ela dizia lembrar apenas de um sonho.

(to be continued) . . .

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Parte I.

"Meu nome é Olívia, já não sei mais em que mundo vivo, onde estou e para onde vou. Sinto que tive os mais belos sonhos e hoje o que todos chamam de mundo real perdeu o sentido. Nada na vida se tornou tão importante que fechar meus olhos e poder viver ao lado de Lucas. Tenho medo... medo do amanhã, medo de não estar mais aqui, medo da saudades da minha mãe, mas nada se compara ao medo que tenho de perdê-lo"

Olívia Habiere

Dona Heloisa entrou em choque com aquela carta. Será que sua filha havia tentado suicídio? Quem seria Lucas? O que de fato aconteceu com Olívia? As lágrimas escorriam, as mãos suavam e apertavam os próprios braços.

Diante de cada enfermeira que passava pelo corredor estreito, Heloisa abaixava a cabeça como se quisesse fugir daquele encontro. Na verdade, com medo de ter que encarar o pior.

Um ano atrás

Olívia passeava com a mãe no shooping para escolher seu vestido de formatura do colegial. As duas entraram em uma pequena loja cheia de vestidos coloridos e belos para a ocasião.
  • Eu gostei mais do vermelho!
  • Hum, o Jorginho vai se apaixonar.
  • Para mãe! Não sei porque você insiste nessa história. Não gosto dele!
  • Sei, sei...essa paixão de vocês não me engana.
Logo apareceu uma mulher com cabelos lisos e negros com uma aparencia amigável na frente delas.
  • Com licensa, precisam de ajuda?
  • Sim, eu queria provar este aqui.
Olívia tirou o vestido vermelho de onde estava pendurado e sorriu para sua mãe, talvez esperando por alguma aprovação.
  • É para a formatura da minha filha. Ela tem que ser a mais bela do baile! Custe o que custar!
A vendedora logo abriu um sorriso e as chamou de lado.
  • Eu tenho um vestido guardado a sete chaves no andar de cima. Ele é muito especial, não é um vestido comum. Ele é mágico faz qualquer mulher se tornar o centro das atenções. Este vermelho é lindo, mas assim que você experimentar o dourado sua vida vai mudar e nunca mais vai querer outro!
Olívia provou o vestido vermelho que lhe caiu muito bem, mas na hora que experimentou o vestido dourado, o caimento foi perfeito. O tecido abraçava o corpo dela, como se alguém o tivesse feito em cima de suas medidas. Realmente era entre todos, o vestido mais lindo que já havia visto. Os brilhos de strass pareciam mágicos e iluminavam seus olhos. Suas curvas pareciam perfeitas como sempre sonhara. O vestido realçava sua beleza de tal forma que era impossível não se apaixonar!
  • Filha...!
Faltaram palavras para Dona Heloisa expressar a emoção.
  • É este mãe!
  • Sim filhinha, é este!
Enquanto a mãe parcelava o pagamento por quase um ano inteiro no caixa, Olívia se admirava no espelho. Se imaginava dançando no baile e o impacto que faria ao chegar tão bela. Por um instante seu coração disparou e teve a impressão de estar sendo observada, mas estava sozinha no provador, não havia uma alma viva lá. Olívia rodava seu vestido de um lado para o outro, extendendo aqueles segundos de auto admiração. Fazia caras e bocas, até que claramente viu no reflexo do espelho a imagem de um homem claro e gritou estericamente.
  • Ahhhh!
Sua mãe e a vendedora correrão em direção ao provador.
  • Olívia? Filha, o que houve? Está tudo bem?
Olívia por um segundo perdeu a voz, olhava e colocava a mão no espelho como se pudesse atravessa-lo. A imagem era fruto de sua imaginação. Não havia ninguém com ela, talvez tivesse sido o brilho dos strass que refletiram em uma imagem.

Em poucos segundos ela tirou o vestido e se vestiu com suas roupas normais para fora do provador.
  • Sim mamãe, eu estou bem, só me assustei, não foi nada!
  • Não vai me dizer que aqui tem barata? Você sabe que eu morro de medo desses bichos e devolvo agora o vestido que me custou o ollho da cara se descobrir que esta loja é habitada por estes mostros nojentos disfarçados de insetos!
  • Calma mamãe! Não foi nada disso, eu achei ter visto um vulto, deve ter sido fome.
  • Vai me dizer que não comeu nada hoje?
  • A mãe, eu comi uma laranja,...quer dizer um suco de laranja.
Olívia tinha o pessímo hábito de pular refeições, ou troca-la por líquidos. Este hábito começou a se tornar mais frequente perto da sua formatura. Como muitas meninas da sua idade, Olívia tinha medo de engordar e queria estar deslumbrante na frente de todos seus amigos no baile, inclusive o Jorginho, sua paixão platonica há anos.

  • Já falei para você parar com essa bobagem de regime. Você está muito magrinha. Quem gosta de osso é cachorro! Homem gosta de carne!
  • Mãe pára de pegar no meu pé! Poxa, eu já tenho quase 18anos!
De volta ao presente.

Dona Heloísa parecia reviver aquelas lembranças. Olhando para a filha entubada e desacordada na cama do hospital ela segurou as mãos de Olívia e disse emocionada.
  • Quase 18 não, já tem quase 19anos, mas você ainda é meu bebê eu não deixar você partir...

(to be continued. . .)