quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Parte IV

Os dias nos hospitais foram tensos, Olívia já se encontrava fora de perigo, mas se recusava a comer e sentia dores no estomago e na garganta. Quase todos os dias Olívia passava mal e regugitava, sua mãe já estava entrando em desespero quando o médico a chamou para conversar.
  • Diga doutor, o que minha filha tem é sério?
  • Olha Helena, sua filha passou por um trauma, está ainda muito triste, mas há alguns dias ela já saiu do perigo. Porém fizemos todos os exames possível para descobrir o que encadiava os vomitos e descobrimos que é um fator psicológico.
  • Está dizendo que minha filha não tem nada?
  • Não estou dizendo isso. Sua filha tem sim um problema que deve ser tratado, ela tem medo de engordar mesmo com soro e com a comida do hospital e força o próprio vomito.
  • Minha filha não faria isso! Ela não gosta de passar mal!
  • Devo informa-la que fizemos uma endoscopia e o estomago dela já se encontra debililato. Creio que ela tem Bulimia há mais de 2anos, não dá pra saber, mas é certo que ela vem escondendo isso a algum tempo já. O indicado é que a senhora procure um psiquiatra e um analista que a oriente.

Dona Helena fechou a cara e tomou aquelas palavras como um insulto. Antes de parecer mal educada com o médico, respirou fundo e lhe perguntou pausadamente.

  • Um ANALISTA? Ou melhor, um psiquiatra!
  • Isso mesmo senhora!
  • Você está insinuando na minha cara que minha filha é louca? Você faz idéia o que a pobrezinha acabou de passar? Você está insinuando que ela mente? Que ela tem Bulimia?
  • Não estou insinuando nada disso, apenas falando que sua filha já está fora de perigo, mas daqui pra frente vai precisar de um tratamento adequado.
  • Olha aqui doutor, minha filha não é louca, ela não precisa de um psiquiatra, ela só precisa de carinho. Tenho certeza que falando com ela, a Olívia vai me ouvir e se ela estiver fazendo algo errado vai parar.
  • Desculpe dona Helena, nunca disse que sua filha era louca. Só estou lhe passando o laudo médico e o tratamento que achamos adaquado nessa ocasião. De qualquer forma, concordo que sua filha precisa de muito carinho nessa hora. Se precisar de alguma ajuda, aqui está meu cartão.

O medico tira um cartão do bolso e o entrega a Dona Helena.

  • Ela vai tomar alta?
  • Vou conversar com os outros médicos, mas acredito que sim. Com lincesa, preciso checar outro paciente. Até breve.

Dona Helena deu aquele sorriso seco e falso sem falar uma palavra. Ficou pensativa por alguns minutos, não entendia como alguém poderia imaginar que sua filha estivesse com Bulimia, já ouvira falar dessa doença antes, mas entre mulheres magrelas, modelo de passarela e não meninas de peso normais. No hospital ela havia emagrecido, mas depois daquele trauma quem teria vontade de comer? Pra falar a verdade, dona Helena sabia que Olívia vivia em regime, mas nunca pensou que um dia isso pudesse virar uma doença. Ela não via a hora de voltar para casa e preparar um belo prato de risoto ao funghi, um dos pratos preferido da filha. De qualquer forma iria conversar com sua filha, lhe dar muito amor e carinho. O pior já havia passado. Aquele dia talvez seria o primeiro que Olívia dormiria em casa, depois de 7dias internada! Dona Helena abriu um sorriso e respirou aliviada.

(to be continued...)

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