sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Parte I.

"Meu nome é Olívia, já não sei mais em que mundo vivo, onde estou e para onde vou. Sinto que tive os mais belos sonhos e hoje o que todos chamam de mundo real perdeu o sentido. Nada na vida se tornou tão importante que fechar meus olhos e poder viver ao lado de Lucas. Tenho medo... medo do amanhã, medo de não estar mais aqui, medo da saudades da minha mãe, mas nada se compara ao medo que tenho de perdê-lo"

Olívia Habiere

Dona Heloisa entrou em choque com aquela carta. Será que sua filha havia tentado suicídio? Quem seria Lucas? O que de fato aconteceu com Olívia? As lágrimas escorriam, as mãos suavam e apertavam os próprios braços.

Diante de cada enfermeira que passava pelo corredor estreito, Heloisa abaixava a cabeça como se quisesse fugir daquele encontro. Na verdade, com medo de ter que encarar o pior.

Um ano atrás

Olívia passeava com a mãe no shooping para escolher seu vestido de formatura do colegial. As duas entraram em uma pequena loja cheia de vestidos coloridos e belos para a ocasião.
  • Eu gostei mais do vermelho!
  • Hum, o Jorginho vai se apaixonar.
  • Para mãe! Não sei porque você insiste nessa história. Não gosto dele!
  • Sei, sei...essa paixão de vocês não me engana.
Logo apareceu uma mulher com cabelos lisos e negros com uma aparencia amigável na frente delas.
  • Com licensa, precisam de ajuda?
  • Sim, eu queria provar este aqui.
Olívia tirou o vestido vermelho de onde estava pendurado e sorriu para sua mãe, talvez esperando por alguma aprovação.
  • É para a formatura da minha filha. Ela tem que ser a mais bela do baile! Custe o que custar!
A vendedora logo abriu um sorriso e as chamou de lado.
  • Eu tenho um vestido guardado a sete chaves no andar de cima. Ele é muito especial, não é um vestido comum. Ele é mágico faz qualquer mulher se tornar o centro das atenções. Este vermelho é lindo, mas assim que você experimentar o dourado sua vida vai mudar e nunca mais vai querer outro!
Olívia provou o vestido vermelho que lhe caiu muito bem, mas na hora que experimentou o vestido dourado, o caimento foi perfeito. O tecido abraçava o corpo dela, como se alguém o tivesse feito em cima de suas medidas. Realmente era entre todos, o vestido mais lindo que já havia visto. Os brilhos de strass pareciam mágicos e iluminavam seus olhos. Suas curvas pareciam perfeitas como sempre sonhara. O vestido realçava sua beleza de tal forma que era impossível não se apaixonar!
  • Filha...!
Faltaram palavras para Dona Heloisa expressar a emoção.
  • É este mãe!
  • Sim filhinha, é este!
Enquanto a mãe parcelava o pagamento por quase um ano inteiro no caixa, Olívia se admirava no espelho. Se imaginava dançando no baile e o impacto que faria ao chegar tão bela. Por um instante seu coração disparou e teve a impressão de estar sendo observada, mas estava sozinha no provador, não havia uma alma viva lá. Olívia rodava seu vestido de um lado para o outro, extendendo aqueles segundos de auto admiração. Fazia caras e bocas, até que claramente viu no reflexo do espelho a imagem de um homem claro e gritou estericamente.
  • Ahhhh!
Sua mãe e a vendedora correrão em direção ao provador.
  • Olívia? Filha, o que houve? Está tudo bem?
Olívia por um segundo perdeu a voz, olhava e colocava a mão no espelho como se pudesse atravessa-lo. A imagem era fruto de sua imaginação. Não havia ninguém com ela, talvez tivesse sido o brilho dos strass que refletiram em uma imagem.

Em poucos segundos ela tirou o vestido e se vestiu com suas roupas normais para fora do provador.
  • Sim mamãe, eu estou bem, só me assustei, não foi nada!
  • Não vai me dizer que aqui tem barata? Você sabe que eu morro de medo desses bichos e devolvo agora o vestido que me custou o ollho da cara se descobrir que esta loja é habitada por estes mostros nojentos disfarçados de insetos!
  • Calma mamãe! Não foi nada disso, eu achei ter visto um vulto, deve ter sido fome.
  • Vai me dizer que não comeu nada hoje?
  • A mãe, eu comi uma laranja,...quer dizer um suco de laranja.
Olívia tinha o pessímo hábito de pular refeições, ou troca-la por líquidos. Este hábito começou a se tornar mais frequente perto da sua formatura. Como muitas meninas da sua idade, Olívia tinha medo de engordar e queria estar deslumbrante na frente de todos seus amigos no baile, inclusive o Jorginho, sua paixão platonica há anos.

  • Já falei para você parar com essa bobagem de regime. Você está muito magrinha. Quem gosta de osso é cachorro! Homem gosta de carne!
  • Mãe pára de pegar no meu pé! Poxa, eu já tenho quase 18anos!
De volta ao presente.

Dona Heloísa parecia reviver aquelas lembranças. Olhando para a filha entubada e desacordada na cama do hospital ela segurou as mãos de Olívia e disse emocionada.
  • Quase 18 não, já tem quase 19anos, mas você ainda é meu bebê eu não deixar você partir...

(to be continued. . .)

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